domingo, 29 de novembro de 2009

Viodência

Em um futuro no qual você viverá, se não morrer precocemente, não há contato pessoal. Cada um vive sozinho, dentro de seus apartamentos-fortalezas. O simples fato de botar um pé fora de casa já é um semi-suicídio. Ladrões, estupradores e psicopatas espreitarão sua porta.

É que, nesse amanhã cada vez mais presente, a ausência de segurança é corriqueira e a segurança, passado. Ninguém se escandaliza. Todos se defendem... Do jeito que dá.

Grades, cadeados, cachorros, câmeras de vigilância. Revólveres, pistolas, metralhadoras. Cercas elétricas, muros, vigias, alarmes. Coletes a prova de balas, capacetes reforçados, máscara contra gases...

Essa última com serventia dupla. Anula o poder das granadas de fumaça (jogadas por criminosos perto das portas para obrigar os moradores a saírem de suas casas) e protege contra os gases tóxicos lançados por indústrias e veículos.

Os veículos do futuro não são carros de passeio. São carros-fortes. Sempre que há necessidade de adquirir um produto que não possa vir através de download ou acesso digital, as pessoas ligam para o tele-entrega. A encomenda sai do supermercado sob forte escolta (sempre há o risco de alimentos e produtos de higiene ser roubados por maltrapilhos excluídos e esfomeados).

As empresas de segurança particular lucram muito. A proteção-dever-do-Estado, há muito desacreditado, morreu de bala perdida.

O homem do futuro olhará a rua através de sua janela blindada e só verá a negra fumaça da poluição.

Não sendo seguro sair de seus lares-fortalezas, as pessoas passarão a se encontrar apenas no mundo virtual. Sozinho dentro de seus apartamentos de segurança máxima, cada um conversa com os amigos, estuda, pratica esporte e faz sexo utilizando a tela do computador como passaporte para a liberdade de um mundo relativamente seguro. Corre-se, porém, o risco de ser roubado por hackers.

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