quarta-feira, 6 de abril de 2011

A rua diz


O espaço urbano, com tudo o que nele se apresenta e com tudo o que dele se esconde, é a síntese da sociedade. O que se vê nos locais públicos (e o que raramente neles se encontra) diz muito sobre a qualidade de vida e sobre os preconceitos em uma região. 

O que se conclui ao visitar um lugar cujas ruas estão repletas de mendigos, de bêbados, de narcotraficantes, de crianças devotadas às drogas e à prostituição?

Que juízo fazer de uma região onde as mulheres são proibidas de frequentar praças, mercados, restaurantes, enfim, o espaço público em geral? Onde elas vivem encarceradas em suas casas? Onde não se vê uma só mulher andando nas ruas? 

É possível perceber o baixo IDH de uma cidade quando deficientes físicos e mentais não são vistos nos espaços públicos. Quando não estão nas empresas, não trabalham em lojas nem vendem remédios nas farmácias... Ainda existem pessoas com necessidades especiais condenadas a uma vida exclusivamente doméstica, lhes sendo negado o acesso aos trabalhos externos.

Da mesma maneira, o que se pensa ao perceber que, numa sociedade na qual a maioria das pessoas tem pele escura, pouquíssimos “negros”, “pardos” e afins frequentam as universidades? 

Em dado país, há mais botecos do que bibliotecas — esse não é um dado relevante, que ajuda a medir o desenvolvimento dessa nação?

A escassez de certos fatores e a abundância de outros dentro do espaço público têm muito a dizer sobre a sociedade.