quarta-feira, 27 de maio de 2015

Madrugada


O silêncio da madrugada
Sussurra ao vent'um feitiço,
Sob a Lua, bruxa dourada,
Berra um felino enfermiço.

O mercúrio caiu!
É o frio, é o frio!
O sino não gemeu!
É o breu, é o breu!

A capela dorme. Quietude.
A rua, domada, também dorme.
Só haverá feroz inquietude
Para quem, envolto em madrugada,
Acorde.

Sozinho na noite,
Solto no tardio vácuo do espaço,
Não se vê nenhuma face amada,
Em quem se ancore um abraço.

Sibila o ledo açoite
Da ventania gelada.
No mistério da noite,
A companheira é dourada.