Na relva já escassa, do chão de terra seca
Eis que surge a brasa num'alma sertaneja
Pé alquebrado, abandona e não pestaneja
Já é hora—eis longo caminho. Esbraveja
Grita ao seu bem-te-vi de verdes olhos
Que um dia voltará, junto à chuva
Quando a terra, ora agreste, reavivar
Como se recebesse sopro de vida
As matizes do olhar de sua querida
Toca-lhe as lágrimas, beija-lhe o chorar
Preme contra o peito a fronte amada
Toca-lhe o rosto tantas vezes tocado
Beija-lhe a boca tantas vezes beijada
Dá carinho, dá afago, outro beijo, outro abraço
Não posso mais ficar, meu sabiá
Tenho que nos sustentar, tenho que arrumar o pão
Tenho que achar o grão para alimentar o chão
Para semear o amor, para brotar a paixão
Beija-a pela última vez, abraça derradeiramente
Dá as costas, sofre e sente. O peito latejante
Sai em busca duma chance o caminhante
Sai sem ter deixado de ficar
Sai no rastro de sorte distante
Lá vai o sertanejo a divagar
Nenhum comentário:
Postar um comentário