sábado, 21 de novembro de 2009

ASA BRANCA – A POESIA

Na relva já escassa, do chão de terra seca

Eis que surge a brasa num'alma sertaneja

Pé alquebrado, abandona e não pestaneja

Já é hora—eis longo caminho. Esbraveja

Grita ao seu bem-te-vi de verdes olhos

Que um dia voltará, junto à chuva

Quando a terra, ora agreste, reavivar

Como se recebesse sopro de vida

As matizes do olhar de sua querida

Toca-lhe as lágrimas, beija-lhe o chorar

Preme contra o peito a fronte amada

Toca-lhe o rosto tantas vezes tocado

Beija-lhe a boca tantas vezes beijada

Dá carinho, dá afago, outro beijo, outro abraço

Não posso mais ficar, meu sabiá

Tenho que nos sustentar, tenho que arrumar o pão

Tenho que achar o grão para alimentar o chão

Para semear o amor, para brotar a paixão

Beija-a pela última vez, abraça derradeiramente

Dá as costas, sofre e sente. O peito latejante

Sai em busca duma chance o caminhante

Sai sem ter deixado de ficar

Sai no rastro de sorte distante

Lá vai o sertanejo a divagar

Nenhum comentário: