Ao contrário do que ocorre nas escaladas materiais, a
ascensão na Montanha do Bem nos traz ares menos rarefeitos.
Quanto mais subimos o monte das bem-aventuranças, mais nos
afastamos das feras carnívoras da planície, símbolo da animalidade que subsiste
na alma, e mais perto ficamos das coloridas aves do paraíso, emblema da
liberdade fruída pelos espíritos puros.
Ah! As atmosferas superiores são mais puras e livres! A alma
viaja pelo infinito como o pássaro risca o céu.
A
planície, com sua floresta densa, fechada e sombria, representa a pouca clareza
de ideias dos espíritos ainda pouco experientes. Mas os níveis superiores do morro recompensam o viajante com iluminado jardim de árvores frutíferas.
Quanto
mais subimos, mais bela é a vista e melhor ideia fazemos do conjunto.
Percebemos, então, que deixamos o obscuro arvoredo da planície, rumo ao pomar de delícias, localizado no topo da montanha.
Escalar
essa formação rochosa não é tarefa das mais simples. São muitos os calos a nos
dar prova da aspereza do trajeto. Mas contamos com a colaboração de guias, que
trilharam o mesmo caminho que agora trilhamos, e que descem das altitudes
felizes para nos infundir ânimo e nos aconselhar.
Que
nós possamos subir cada vez mais! E cada vez mais rápidos! E cada vez mais confiantes!
Não
nos apavoremos com a vertigem. Uma vez que subimos um nível, não cairemos
novamente no declive tenebroso dos antigos erros ou nas garras das violentas
feras.
O
espírito não retrocede. No máximo, permanece imóvel por vontade própria, até
que, no futuro, também pela própria vontade, volte a progredir, continue a
percorrer a senda da benevolência e do conhecimento intelectual.
Sigamos
as asas dos pássaros celestiais! Ouçamos seu pacífico, igualitário e humilde
canto!
O
Sol do Amor Divino, cuja luz atravessa até a vegetação fechada da planície, nos
induz a subir e nos orienta a trajetória. Seu fulgor, que jamais nos abandona,
mostra-se ainda mais sublime e amoroso no ápice da Montanha do Bem.
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