quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Da Sagacidade

A característica mais importante das ciências é sua autocrítica. Para ela não há dogmas. Todo o conhecimento pode ser questionado, debatido, refutado ou confirmado. Existe liberdade para divergências. E é justamente por este fato que ela obteve tanto sucesso como ferramenta de estudo e compreensão do mundo.

A fé é importante, mas ela deve ser confirmada pela razão, o conhecimento. Assim como ocorre com as ciências, a crença deve abrir espaço para argumentos discordantes. A fé não se pode fechar em si mesma. Claro que ela não pode deixar de acreditar em si própria totalmente (caso contrário deixaria de existir), mas deve ser cética consigo mesma. Caso contrário estará se condenando ao fanatismo.

É sempre necessário reservar certa porção de descrença sobre o próprio pensamento. Tal atitude não denota insegurança, apenas atesta que a consciência do indivíduo é aguçada. As certezas absolutas são, talvez, as maiores assassinas da História.

Não deixa de ser um método de convencimento aquele utilizado em dissertações, no qual demonstrações de incerteza ("talvez", "possivelmente", "eu acho") são excluídas do texto. A persuasão preconiza o uso de verve semelhante à de quem não tem dúvida acerca do fato sobre o qual argui. Mas tal confiança inabalável sobre as próprias idéias deve ser reservada apenas à retórica. Ao duvidar do próprio pensamento, ao questionar as próprias verdades, o ser está sendo humilde.

Enfim, é apenas adquirindo uma posição de constante questionamento com as próprias ideias que o ser pode tornar sua inteligência mais ampla e menos preconceituosa.